Vacinas contra Covid-19. Saiba mais
Quem são as principais farmacêuticas a produzirem a vacina
(Em vista do grande número de desinformação sobre empresas produtoras de vacina, o jornal Gazeta Universitária buscou no site do NEXO JORNAL informações importantes para melhor elucidar a sociedade sobre quem são as farmacêuticas que estão na luta pelo desenvolvimento da vacina contra o Covid-19).
1 Moderna
A maior aposta do governo dos Estados Unidos no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 foi feita numa empresa que, em dez anos de existência, nunca colocou um produto no mercado, não conseguiu aprovar nenhum de seus nove candidatos a imunizantes contra outras doenças e não havia sequer chegado à fase 3 de ensaios clínicos.
Com sede em Cambridge, no estado americano de Massachusetts, a Moderna foi fundada em 2010, a partir de estudos desenvolvidos pelo professor de Harvard Derrick Rossi, conhecido por pesquisas com células-tronco. Com a ajuda do engenheiro e professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) Robert Langer e de outro professor de Harvard, Timothy Springer, eles conseguiram investimento para o negócio.
As três últimas letras do nome da empresa (RNA) sintetizam sua ideia: criar medicamentos e vacinas a partir do RNA mensageiro, uma molécula que carrega instruções genéticas.
2 Pfizer/BioNTech
A multinacional Pfizer, que tem sede em Nova York, nos Estados Unidos, foi a primeira a divulgar, em 9 de novembro, uma taxa de eficácia superior a 90% obtida na fase 3 de testes com sua vacina contra o novo coronavírus. O produto é desenvolvido em parceria com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech.
Assim como a Moderna, o laboratório investiu numa vacina genética, baseada no RNA mensageiro. O problema é que ela precisa ser preservada a -70ºC até o momento do uso, e a maioria dos países não tem freezers com essa capacidade de resfriamento.
Em 20 de novembro, a Pfizer solicitou uma aprovação emergencial à agência regulatória americana para o uso do imunizante nos Estados Unidos. Ela prevê produzir 1,3 bilhões de doses da vacina em todo o mundo até o final de 2021.
A empresa foi fundada em 1849 nos Estados Unidos pelo imigrante alemão Charles Pfizer, em parceria com um primo. O primeiro produto criado pela dupla foi um remédio para combater vermes intestinais. Anos depois, seria a primeira a produzir em massa a penicilina, antibiótico descoberto pelo médico Alexander Fleming em 1928. Um de seus mais conhecidos produtos é o Viagra, remédio para disfunção erétil aprovado em 1998.
A Pfizer tem mais de 88 mil funcionários em todo o mundo. Em 2014, tentou comprar o laboratório anglo-sueco AstraZeneca, mas a oferta foi recusada.
3 AstraZeneca
Outra vacina que pode alcançar mais de 90% de eficácia, dependendo da dosagem, é a desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com o laboratório anglo-sueco AstraZeneca.
Sua tecnologia é diferente das vacinas da Moderna e da Pfizer. Ela usa um adenovírus que causa gripe apenas em chimpanzés para carregar o material genético do novo coronavírus. Testes em macacos haviam mostrado que ela preveniu a evolução de pneumonias nos animais.
Uma vantagem é que os pesquisadores de Oxford já testavam essa tecnologia contra a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), doença surgida em 2012 também causada por um coronavírus.
Nos resultados preliminares da fase 3, a vacina se mostrou mais eficaz com a aplicação inicial de meia dose e um reforço com uma dose completa um mês depois. Nem a AstraZeneca nem a universidade explicaram o motivo, mas cientistas acreditam que a resposta do organismo ao adenovírus no caso da aplicação de uma primeira dose cheia da vacina pode ter prejudicado a resposta ao novo coronavírus.
Já a BioNTech, bem menor e com uma história muito mais recente do que a parceira, foi fundada em 2008 por um casal de médicos com o foco em tratamentos para o câncer. Ela tem 1.800 funcionários e já vinha trabalhando desde 2018 com a Pfizer numa vacina contra a gripe.
4 Gamaleya
O governo da Rússia anunciou a aprovação de um imunizante contra o novo coronavírus ainda em agosto, antes mesmo do início da fase 3 de testes. Batizada de Sputnik V, a vacina é desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia de Gamaleya, ligado do Ministério da Saúde do país.
Assim como a vacina de Oxford e da AstraZeneca, a Sputnik é baseada no adenovírus, mas usa dois deles, e por isso requer duas doses. Em novembro, pesquisadores anunciaram que ele apresentou mais de 90% de eficácia em estudos preliminares.
O instituto foi fundado em 1891 como um laboratório privado, foi estatizado após a Revolução Russa e em 1949 mudou de nome para homenagear Nikolai Gamaleya, considerado pioneiro nos estudos de microbiologia na Rússia.
Durante a União Soviética (1922 a 1991), o órgão era responsável por organizar as campanhas de vacinação em massa no país e foi responsável por combater epidemias de cólera, difteria e tifo.
Desde 1980, cientistas do instituto desenvolvem estudos de vacinas com adenovírus. Em 2015, o Gamaleya criou uma vacina contra o ebola usando essa tecnologia. Também estuda imunizantes com adenovírus contra a influenza e a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), doença também causada por um coronavírus.
5 Sinovac
No Brasil, a empresa privada chinesa Sinovac ganhou destaque devido ao acordo com o governo do estado de São Paulo para a produção da vacina Coronavac no país, pelo Instituto Butantan.
É um laboratório considerado pequeno perto dos outros que trabalham no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. Em 2019, seu faturamento foi de US$ 246 milhões. Em comparação, a Pfizer teve, no mesmo ano, receita de US$ 51 bilhões.
Fundada em 2001, com sede em Pequim, na China, a Sinovac tem 910 funcionários espalhados por quatro unidades da empresa no país e é responsável por cerca de 20% do mercado chinês de vacinas, produzindo 20 milhões de doses por ano.
Ao todo, tem oito imunizantes registrados e outros quatro sendo testados em humanos. Entre os produtos oferecidos estão vacinas contra hepatite B, caxumba e influenza sazonal. A empresa foi a primeira a desenvolver e conseguir registro de uma vacina contra o vírus H1N1, em 2009.
No caso da covid-19, a tecnologia usada é o próprio coronavírus “morto”. Por estar inativado, ele não causa doença, mas gera uma resposta do sistema imune. Essa tecnologia, dominada pelo Instituto Butantan, é a mais antiga na fabricação de vacinas no mundo.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Butantan, Dimas Covas, afirmou que a Sinovac recebeu investimentos da empresa Ali Baba, de comércio eletrônico, para construir uma nova fábrica até maio para a produção da vacina contra a covid-19.
O acordo do governo paulista para a aquisição da Coronavac foi de US$ 90 milhões para produzir 46 milhões de doses até o final de 2020. Outras 15 milhões estão previstas para fevereiro de 2021.
FONTE: NEXO JORNAL LTDA.