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O Equador da Vida

O EQUADOR DA VIDA

Jornalista e artista plástico, Waldemar Rego Júnior é  artista inquieto-completo

PREFÁCIO

Ser humano do seu tempo, incon formado com as sutilezas quando a urgência grita em nos sos ouvidos, ele comunica os grandes dilemas humanos. É  alvissareiro ler sua poesia, já que traz o espírito do tempo  dentro do homem completo em uma sociedade de seres ina cabados.  

Qual é, afinal, a semiótica de Rego? Como humano, ele  regulariza nossas imperfeições com a busca da correção dos  defeitos. Não que o autor não os aceite, mas luta contra eles  sempre que pode. Por isso os revela. 

Como artista, adotou a arte figurativa para recompor a  realidade. Seu realismo é utópico, em busca das cenas mais  icônicas, paisagens, retratos e naturezas mortas, além do cul turalismo, em um ‘approach’ culturológico – diga-se, naquela  leitura dos fetiches e rescaldos antropológicos de nosso co tidiano. Suas cores são pixels estourados, que nos chamam  atenção de longe. Pinceladas de ourives nos surpreendem. 

Por isso sua arte é impactante, real, virtuosa, revigoran te.  

Mas agora ele entrou nas palavras, objeto de trabalho do  jornalista inserido na configuração das emoções. Entrou e jo gou a chave fora. A interpretação é livre. Mas se fosse cor seria  cinza.

Como jornalista, evidente, ele sabe bem a estrutura e  idioletos do ofício de reportar a realidade. Talvez, a poesia seja  o lazer do uso das palavras como trabalho. 

Por isso a necessidade de se recorrer, como nunca, da  semiose para “ver” sua realidade das palavras. Ler suas poe sias é batalhar com os significados e polissemias, cuja virtude  é dar ao leitor-fruidor uma obra mais aberta do que a figuração  plasmada na tela. 

Sua poesia arranca pedaços do leitor. Machuca. É do lorida. Honesta. Como a arte da tela, é forte. Mas antago nicamente mais acumuladora de sutilezas. Em sua poesia  “Memórias de um morto”, nos dá pouca solução para a vida.  Melhor: bate a real para quem está atolado em objetos, or gulhos e outras práticas da sociedade do consumo e de mo dismos. 

Lá vai: “Na angustiante espera dos tempos de aquário/  Os séculos passaram como um rolo compressor.”  No texto, sua reflexão sobre Deus, o passar do tempo  e a desqualificação do ser humano nos leva ao campo da  Filosofia. 

Rego também cria signos sobre o amor. Mas no sentido  da perda. Em “Adeus, meu amor”, ele nos leva ao metaverso  das palavras – ou metainverso: “Fincado no horto a sombrear o  sonho sepulto/ O cipreste balança, se inclina ao vento e geme.  Junto, o parelhar de voz no coração espreme… – É o cipreste  antigo a duetar com o vulto”. Ao fim, o desterro da esperança:  “É a natureza que num gemido triste e dolorido/ Apara a lágri ma de um amor tão compungido.” 

Em o “Escriba da loucura”, Rego dialoga com o inferno  de Dante e a desesperança – a mesma de quando ele precisa  ‘gritar’ suas dores humanas.

 “No escarro emocional do pleno gozo/ Não conto sílaba  pra compor meu verso (…)”, diz o poeta-jornalista. É uma arte inacabada. Ao contrário das pinturas, as poe sias podem ser reescritas, revisadas e reconstruídas de acor do com o humor e semblante do autor. O frame do agora é um  grito que reverbera e ricocheteia em nossas vidas.  Waldemar é sensível, antena da nossa comunidade e apa ro das nossas humanidades. Que venham novas produções! 

(Welliton Carlos, jornalista, 

mestre em Comunicação e doutor 

em Sociologia pela UFG)

Waldemar

Waldemar Rego é jornalista formado pela Faculdade Araguaia com diploma reconhecido pela Universidade Federal de Goiás UFG com extensão na área de mídia e política no cinema, fotografia jornalística e publicitária, diversidade cultural da mulher na comunicação, comunicação em tempos de mídias sociais, identidade visual em peças publicitárias e no jornalismo. Waldemar Rego também é artista plástico escritor e poeta.

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