Rapadura com frutos do Cerrado é aposta de pequenos produtores rurais para impulsionar renda no Norte de Goiás
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Em Niquelândia, iniciativa apoiada pela CBA por meio do Programa ReDes, permitiu construção de fábrica e consultoria para lançamento de produtos derivados da cana-de-açúcar
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Produtos derivados da cana-de-açúcar, como rapadura com frutos do Cerrado, melado e açúcar mascavo, se tornaram a aposta de pequenos produtores rurais para impulsionar a renda em Niquelândia, no Norte de Goiás. Por meio do Programa ReDes, uma parceria entre o Instituto Votorantim e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), a Associação dos Produtores Rurais do Córrego Dantas (Acorda) espera impulsionar os ganhos com a nova produção. Para 2022, o crescimento estimado é de 7%.
Após consultoria, que iniciou em 2019, e investimento para construção de fábrica de doces, os associados avançaram na conquista de mercado no segundo semestre de 2022. A presidente da Acorda, Wildes Gumber de Melo, explica que a associação, com mais de 30 anos de existência, não possuía um foco, uma única produção em conjunto. De móveis de bambu a plantação de hortaliças, as ideias eram muitas, mas foi com a cana que descobriram um objetivo em comum.
“Não vendíamos nada, foi quando o ReDes teve início e trouxe a luz no fim do túnel. Iniciamos com berçário de cana e nosso projeto foi aprovado”, lembra. A produção inicial de rapadura começou em ranchos, no quintal, para complementar outros ganhos. “Era para subsistência e agora é o contrário”, diz Wildes. Em busca de diferenciais, o grupo formado atualmente por nove produtores participou de cursos e no campo percebeu que acrescentar baru, babaçu e frutos do Cerrado trazia sabor único às rapaduras e fazia sucesso com quem experimentava.
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Produção de rapaduras gera renda para produtores em Niquelândia. Crédito: Divulgação.
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Novos sabores – Na região entre Niquelândia e Uruaçu, é comum a venda da rapadura com mamão, além das versões tradicional e com leite, o que também permaneceu nas opções da fábrica do projeto Doces Vidas. “Implementamos novas receitas com mandioca, amendoim, frutas e, na área do lago, do turismo, gostaram muito”, afirma Wildes. Assim, a combinação do extrativismo e da produção em pequenas áreas nos quintais de sítios traz diferencial no sabor.
Já no formato do produto, os associados também foram além do comum: adotaram a rapadurinha, uma versão mini para levar no bolso, e a rapadura de colher, resultado de uma receita que parecia ter dado errado. “Não deu o ponto na hora de bater, pegamos uma vasilha e, para não jogar fora, comemos. Pensa em um doce que ficou bom”, ressalta a presidente. Assim, essa versão cremosa também ganhou opções de sabores, como canela, cravo e leite. |
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Baru é um dos frutos do Cerrado usados na produção das rapaduras. Crédito: Divulgação.
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Unidade de beneficiamento – Com a unidade de beneficiamento e embalagens preparadas, neste ano será a primeira vez que essas receitas vão ganhar volume de produção e já com encomendas. O primeiro compromisso é com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por meio do qual Wildes explica que R$80 mil de resultado financeiro são esperados. Além da rapadurinha, vão para as escolas produtos do extrativismo, como pequi e cagaita, além de farinhas de baru e de jatobá.
A fábrica entregue no ano passado é dividida em áreas para beneficiamento da cana e preparo dos produtos. Primeiro, a cana chega para ser moída e o caldo segue por meio de canaleta direto para os tachos. Em seguida, há a preparação e na estrutura tanques, gamelas e formas. Para o açúcar mascavo há uma máquina própria que substitui a produção manual. Depois do preparo, os doces são embalados.
Segundo a Acorda, a expectativa é de que os produtores possam conseguir fabricar 8 mil rapadurinhas por mês, sendo que a capacidade de produção diária é estimada em 75 quilos de rapadura e 50 quilos de açúcar mascavo. Como ainda não iniciaram os testes com melado, Wildes explica que não é possível estimar o quanto esse produto pode também render. Por outro lado, com consultoria oferecida pelo ReDes, há intenção de diversificar também as formas de apresentação deste produto.
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Associados da Acorda recebem consultores do Programa ReDes. Crédito: Divulgação.
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Consultoria – Do design das embalagens até a produção no campo, a consultoria auxilia o grupo a profissionalizar o trabalho, seguir as normas da Vigilância Sanitária e ter produção sustentável, em ambiente correto e com orientação para boas práticas, além de auxiliar nas estratégias para comercialização. Entre os diferenciais do Acorda, os produtores têm como objetivo a agricultura de base agroecológica.
O extrativismo também tem influenciado a busca por aprendizagem sobre produção de mudas de plantas do Cerrado e levanta pauta de preservação do bioma diante do crescimento de monoculturas na região. Antes do ReDes, a renda das famílias vinha de fontes diversas e a associação sustentava o caixa com base em uma festa anual com direito a apresentações de grupos folclóricos, forró e a realização de leilões. Porém, com a pandemia de Covid-19, esse festejo foi cancelado.
Programa ReDes – Com objetivo de contribuir com desenvolvimento sustentável de municípios brasileiros, o Programa ReDes é uma parceria entre o Instituto Votorantim e o BNDES, com apoio das empresas do portfólio da Votorantim S.A. Iniciou em 2010 e hoje está presente em 56 cidades, 15 estados e no Distrito Federal. A iniciativa auxilia na estruturação de negócios inclusivos e na articulação de cadeias produtivas com metodologia que contempla a participação da comunidade em todas as etapas. O programa beneficia 2.500 famílias e por meio dele já foram geradas R$ 53 milhões em renda entre os beneficiados.
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