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Brasil – o inferno pode ser aqui

Cenas de horror. Como o país vizinho, o Equador, o Brasil pode se tornar o inferno do covid-19

THE INTERCEPT

O Brasil hoje é o 11º em mortes por coronavírus no mundo e o país que menos faz testes entre esses 11. São 1,3 mil testes por milhão de habitantes, enquanto a Holanda, por exemplo, que vem logo acima, faz 10.000 testes por milhão.

A nossa realidade no momento é: poucos testes, pouca ação do governo federal e muitas mortes. Por isso a foto de Michael Dantas com as covas em Manaus é um retrato fiel do que estamos vivendo. Liderados pelo governo da morte, resta-nos abrir imensas covas coletivas

Foto: Michael Dantas/AFP via Getty Images

Foi nesse cenário que o alto escalão fardado do Planalto reuniu-se ontem em entrevista coletiva para falar à população. Não vou nem entrar no tema do constrangedor plano de recuperação econômica. Deixarei isso para os especialistas. 

O ponto alto da coletiva foi a cara de pau do Ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Ele reclamou das imagens de caixão e da divulgação do número de mortos e pediu que a imprensa noticiasse coisas boas: “eu conclamo e peço encarecidamente, tem tanta coisa positiva acontecendo”.

O apreço dos militares brasileiros por censura é amplamente conhecido. Mas a fala de Ramos não se resume a isso. Aparentemente, o ministro acredita que o problema da pandemia é a informação. Estaríamos melhores se o governo federal estivesse matando por debaixo dos panos, penso, seguindo a lógica dele. Se as UTIs lotadas não fossem noticiadas. Se o aumento exponencial de mortes e internações por questões respiratórias fosse escondido da população.

O ministro foi extremamente sincero em sua fala ontem: a política assassina do governo federal está em curso e o que eles querem é esconder isso de você. O novo ministro da Saúde disse que não faremos testes em massa. Ou seja: omitir para mentir. Também não vai haver um auxílio financeiro expressivo para as pequenas empresas, não vai haver qualquer política de assistência para os mais fragilizados, os famintos e os desempregados. “Mas tem muita coisa positiva acontecendo! Noticiem!”

Não, ministro, nós não vamos obedecer. O jornalismo independente vai continuar batendo duro, denunciando, investigando.

Leandro Demori – Editor executivo

Waldemar

Waldemar Rego é jornalista formado pela Faculdade Araguaia com diploma reconhecido pela Universidade Federal de Goiás UFG com extensão na área de mídia e política no cinema, fotografia jornalística e publicitária, diversidade cultural da mulher na comunicação, comunicação em tempos de mídias sociais, identidade visual em peças publicitárias e no jornalismo. Waldemar Rego também é artista plástico escritor e poeta.

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