Supremo atende pedido da Polícia Federal e determina prisão preventiva do ex-presidente após convocação de vigília que, segundo Alexandre de Moraes, podia favorecer tentativa de fuga e obstrução da Justiça
O Supremo Tribunal Federal decretou, neste sábado (22), a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, a pedido da Polícia Federal. A decisão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, ocorreu após o senador Flávio Bolsonaro convocar uma vigília na porta da residência do pai, que cumpria prisão domiciliar desde agosto.
Segundo Moraes, a mobilização de apoiadores diante do condomínio indicou possível estratégia para obstruir a fiscalização das medidas impostas e favorecer uma tentativa de fuga. O ministro destacou que o episódio reproduziu práticas atribuídas ao grupo investigado na trama que levou à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe.
Na decisão, Moraes registrou indícios de que Bolsonaro tentou romper a tornozeleira eletrônica para deixar o endereço onde estava detido. O ministro afirmou que a convocação pública, apresentada pela defesa como ato em apoio à saúde do ex-presidente, demonstrou repetição de condutas usadas para criar tumulto e obter vantagens processuais.
O magistrado relembrou que, durante as investigações do caso que resultou na condenação a 27 anos e três meses de prisão, Bolsonaro planejou fuga para a embaixada da Argentina por meio de pedido de asilo.
A defesa havia solicitado ao STF a substituição do regime inicial fechado por prisão domiciliar de caráter humanitário. A PF, porém, cumpriu a ordem de prisão preventiva por volta das 6h deste sábado. A determinação incluiu orientação para que não houvesse uso de algemas nem exposição pública do ex-presidente.
Bolsonaro foi levado à sede da Polícia Federal, na Asa Sul, onde permanece em uma “Sala de Estado”, ambiente reservado a autoridades. O espaço possui banheiro privativo, cama, mesa de trabalho, cadeira, janela, ar-condicionado e frigobar.
