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Custos altos e soja desvalorizada levam produtores a desistir de arrendamentos

Margens apertadas e quebra de rentabilidade fazem agricultores romper contratos e devolver áreas antes da safra 2025/26

O ciclo da safra 2025/2026 se desenha como um dos mais difíceis dos últimos anos para o agronegócio. De acordo com o zootecnista e consultor financeiro Fabiano Tavares, o aumento dos custos de produção e a queda no preço da soja têm tornado o arrendamento de terras inviável em várias regiões do país.

“Os valores de arrendamento subiram muito nos últimos anos, impulsionados por um período de alta no setor. Hoje, com o preço da saca bem abaixo do observado em 2022 e o custo de produção elevado, a conta não fecha. Muitos produtores estão rompendo contratos e devolvendo áreas”, afirma Tavares.

Segundo dados da Pecege Consultoria e Projetos, o custo médio estimado da soja gira em torno de 52 sacas por hectare, o que pressiona a rentabilidade em regiões de menor produtividade. “Qualquer problema climático, atraso nas chuvas ou queda no rendimento coloca o produtor em prejuízo direto”, observa o consultor.

Tavares destaca que os agricultores que dependem de arrendamento são os mais afetados. “A margem que sobra após pagar o aluguel da terra, os juros de custeio e investimentos anteriores é mínima ou até negativa. Há produtores que optaram por não plantar neste ciclo e manter a área em pousio ou com adubação verde para evitar novas dívidas”, relata.

O especialista aponta também impactos no mercado de terras. “Quando o arrendamento deixa de ser vantajoso, o proprietário perde o fluxo de renda e o preço das propriedades começa a recuar em algumas regiões”, diz.

Para ele, o momento exige gestão financeira rigorosa e planejamento técnico. “O agro continua forte, mas passa por um período de ajuste. É hora de reavaliar custos, margens e produtividade real por hectare com base em números atuais, não em expectativas de safras anteriores”, conclui.

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