Cultura

A história sobre a Segunda Guerra Mundial que ninguém contou

Obra vencedora do Betty Trask Prize, “Menino mamba-negra” explora o conflito e seus impactos nos países da África Oriental

Entre 1939 e 1945, a Europa foi o palco principal do que hoje é considerado o maior conflito da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Mas as tensões ultrapassaram as fronteiras europeias, e a guerra deixou seu rastro de morte e destruição em vários lugares do mundo, entre eles, o norte da África.

Na obra Menino mamba-negra, publicada pela Tordesilhas Livros, a autora somali-britânica Nadifa Mohamed inspira-se na história do próprio pai, que foi marinheiro mercante pela Grã-Bretanha, para contar a jornada de Jama, um garoto de dez anos que se vê sozinho no mundo após a morte inesperada de sua mãe.

Mesclando romance histórico com contos de aventura, a jornada do protagonista começa em 1935, na cidade portuária de Aden, no Iêmen. Munido apenas de um amuleto recheado com cem rúpias deixado pela mãe, o menino decide gastar as escassas economias na busca pelo pai que nunca conheceu.

Assim se inicia a diáspora de Jama de mais de mil léguas até o Egito. De trem, caminhão, navio e, principalmente, a pé, o garoto passa de uma cidade para outra e se depara com as forças fascistas italianas que controlam partes da África Oriental. Durante essa peregrinação, ele é apanhado pela indiferente e opressora máquina da guerra e testemunha cenas de grande brutalidade, mas também profunda humanidade.

Publicada originalmente em 2010 e enviada para os mais de 30 mil associados da TAG Inéditos em novembro de 2021, a obra é a estreia de Nadifa Mohamed no mercado literário. Com ela, a autora ganhou o prêmio Betty Trask, foi cotada para o Prêmio Orange e indicada aos prêmios Guardian First BookDylan ThomasJohn Llewellyn Rhys e PEN/Open Book Award.

Em 2013, Nadifa foi nomeada pela revista britânica Granta como uma das melhores jovens romancistas britânicas e, em 2021, foi finalista do Booker Prize com o livro The fortune men, que será publicado em breve no Brasil pela Tordesilhas Livros. Com tradução de Marina Della Valle, o projeto gráfico foi assinado pela designer Letícia Quintilhano, também responsável pela capa de O pomar das almas perdidas, outra obra de Nadifa, publicada em nova edição em outubro pela casa editorial.

Sob o viés somali, Menino mamba-negra evidencia como os conflitos da Segunda Guerra Mundial em território africano foram cruéis e os impactos para seus povos. No entanto, se por um lado a narrativa é marcada por passagens difíceis, onde Jama tenta escapar da violência, da fome e da morte, por outro, Nadifa Mohamed acrescenta pequenas doses de esperança por meio de um lirismo cativante, fazendo da obra a celebração vibrante e comovente da história da própria família.

Nadifa Mohamed nasceu em Hargeisa, Somália, em 1981, e cresceu no Reino Unido. Estudou história e política no St. Hilda’s College, Oxford. Atualmente, ela mora em Londres. Menino mamba-negra, seu primeiro romance, foi publicado originalmente em 2010.

Sobre a Tordesilhas Livros:

Dedicada à literatura, a Tordesilhas se compromete com a diversidade ao revisitar com originalidade autores consagrados, revelar obras de tradições pouco conhecidas, descobrir o novo em passados remotos e selecionar na criação de hoje o que está fadado à perenidade. Ao mesmo tempo, persegue o apuro na produção dos livros, nossa marca registrada. Com edição rigorosa, tradutores renomados e design gráfico elegante e funcional, buscamos tornar a leitura uma experiência única.

Através de cuidadosa curadoria editorial, a Tordesilhas explora o melhor de cada um dos livros publicados, sempre em busca de talentos que possam dialogar com um público amplo sem perder a qualidade narrativa. Além dos clássicos, revisitados com criatividade, publicamos romances, biografias, contos, memórias, teatros e livros de fotografia. Também estão no radar da Tordesilhas escritores nacionais e internacionais que investiguem temas contemporâneos, capazes de nos ajudar a compreender mutações aceleradas do século XXI.

 

Waldemar

Waldemar Rego é jornalista formado pela Faculdade Araguaia com diploma reconhecido pela Universidade Federal de Goiás UFG com extensão na área de mídia e política no cinema, fotografia jornalística e publicitária, diversidade cultural da mulher na comunicação, comunicação em tempos de mídias sociais, identidade visual em peças publicitárias e no jornalismo. Waldemar Rego também é artista plástico escritor e poeta.

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