Uncategorized

Encontro com Trump fortalece Lula e reduz espaço da oposição, avalia cientista político

Reunião entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, em clima cordial, é vista como vitória estratégica para Lula e tende a influenciar a disputa eleitoral de 2026.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). A conversa transcorreu em tom cordial. Trump afirmou estar “honrado” por encontrar o líder brasileiro.

Segundo o cientista político Hussein Kalout, ex-secretário de Assuntos Estratégicos no governo Michel Temer (MDB), o encontro representa uma vitória política relevante para Lula e deve impactar as eleições presidenciais de 2026. Para ele, a aproximação entre os dois governos neutraliza críticas da oposição sobre a relação do Brasil com os Estados Unidos.

Kalout avalia que o movimento enfraquece o campo bolsonarista, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado por tentativa de golpe de Estado e seu principal aliado internacional, Trump, elogiou Lula publicamente.
“O encontro fecha um flanco da campanha petista. Antes, a direita poderia afirmar que manteria melhor diálogo com os Estados Unidos. Esse argumento perde força”, afirma o analista.

Apesar do avanço político, o cientista destaca que a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros dificilmente será revertida de imediato. As tratativas comerciais devem prosseguir nesta segunda-feira (27), entre o chanceler Mauro Vieira e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
“Trump se mostrou aberto a negociar. Pode reduzir tarifas sobre alguns produtos, mas não sobre todos”, observa Kalout.

Após a reunião, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou o diálogo entre os dois presidentes como um avanço concreto nas relações bilaterais. A entidade destacou o interesse mútuo em buscar soluções equilibradas para o comércio entre os países.

Kalout considera que Lula soube administrar a relação com Trump “com paciência e prudência”, explorando os interesses econômicos em jogo. Segundo ele, o governo americano busca conter a influência chinesa no Brasil e enfrenta pressão interna com o aumento de preços causado pelas tarifas.

Na visão do analista, o governo brasileiro tende a preservar o bom momento diplomático.
“Lula pode oferecer concessões adicionais ou propostas atraentes para manter as negociações ativas e sustentar o ganho político do encontro”, diz.

O cientista observa que as sanções americanas contra ministros do Supremo Tribunal Federal — impostas por Trump em reação à condenação de Bolsonaro — devem continuar, pois a revogação imediata poderia indicar erro de avaliação por parte da Casa Branca. Ainda assim, ele acredita que o tema pode ser usado como instrumento de barganha nas conversas futuras.

Os Estados Unidos têm interesse em ampliar o acesso às reservas brasileiras de terras raras e na regulamentação de grandes empresas de tecnologia no país, além de buscar maior abertura para o etanol americano.

Mesmo após o encontro, Trump manteve declarações em defesa das tarifas sobre a carne brasileira. Lula, por sua vez, reiterou a defesa de alternativas ao dólar no comércio internacional, reforçando posição apresentada durante a cúpula dos Brics.

Para Kalout, o resultado político do encontro já é evidente: o diálogo direto com Trump reposiciona o Brasil na agenda internacional e fortalece a imagem de Lula às vésperas de um novo ciclo eleitoral.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo